domingo, 3 de abril de 2011

A ESTRUTURAÇÃO DE UM PROJETO

        Após o pesquisador ter empreendido alguns esforços, tais como fazer estudos preliminares, com a finalidade de definir o problema e  elaborar um anteprojeto, ou seja, realizar um estudo planejado dos aspectos que irão compor sua investigação (sem grande rigor), ele deve partir para a estruturação dos elementos constitutivos do mesmo, buscando responder as seguintes perguntas:
          O que pesquisar?
          Definição do problema, hipóteses ou questões norteadoras, base teórica e conceitual.
         
          Por que pesquisar?
          Justificativa da escolha do problema.

          Para que pesquisar?
          Os objetivos (geral e específicos).

          Como pesquisar?
          A metodologia.

          Quando pesquisar?
          O cronograma de execução.

          Com que recursos?
          Orçamento (se for financiado).

          Pesquisado por quem?
          Euipe de trabalho (pesquisador (es); coordenador (es); orientador (es).

          O projeto de pesquisa deve esclarecer sobre os vários elementos que irão compor a investigação (MINAYO, 2002).

terça-feira, 22 de março de 2011

A CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE PESQUISA

          A construção de uma proposta de pesquisa constitui-se no mapeamento, de forma sistemática, daquilo que se pretende investigar, definindo o que e como se pretende verificar determinado conhecimento. Nesse contexto três dimensões são importantes e estão entre si interligadas: técnica, ideológica e científica.
          Segundo Demo (1991), a dimensão técnica trata das regras definidas como científicas e se refere à montagem de instrumentos de investigação.
           Já a dimensão ideológica está vinculada às escolhas do pesquisador, quando este vai definir a base teórica que irá fundamentar sua proposta, uma vez que a neutralidade na investigação científica é um mito, dizem Maria Cecília de Souza e outros (2002).
          Quanto à dimensão científica é produto da articulação das destas dimensões e ultrapassa o senso comum através do método científico, possibilitando que a realidade seja reconstruída enquanto um objeto do conhecimento. 
          O mapeamento de um projeto evita muitos imprevistos no decorrer da pesquisa e esclarece o investigador quanto aos rumos do estudo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O CICLO DA PESQUISA

          Diferentemente da arte e da poesia que são concebidas na inspiração, a pesquisa consiste em trabalho artesanal que, se não prescinde da criatividade, fundamenta-se essencialmente em conceitos, proposições, métodos e técnicas, cuja linguagem é construída com ritmo próprio e particular, o qual é denominado de ciclo de pesquisa. É um processo que se inicia a partir de um problema ou questionamento e termina com um produto capaz de originar novas interrogações.
          Começa por uma fase chamada exploratória, dedicada à reflexão e questionamentos sobre um objeto, vinculado a pressupostos e teorias que o fundamentam e a objetivos operacionais que possibilitam levar a cabo a pesquisa de campo.
          O ciclo da pesquisa solidifica-se não em etapas estanques mas em partes que se complementam (problema, justificativa, objetivos e metodologia) e que são trabalhadas visando a integração da proposta de estudo baseada em uma construção teórica.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O SUCESSO DE UMA PESQUISA

               Curiosidade, criatividade, disciplina e especialmente paixão são algumas exigências para o desenvolvimento de um trabalho criterioso baseado no confronto permanente entre o desejo e a realidade (GOLDENBERG, 1999).
                A pesquisa é um trabalho semelhante ao de um engenheiro, que, ao elaborar uma planta, precisa saber o que fazer, obter dos dados, assegurar-se de que possui os materiais necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Requer reinvenção a cada etapa; precisa, portanto, não somente de regras e sim de muita criatividade e imaginação.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O ATO DE PESQUISAR

O ato de pesquisar, tradicionalmente, esteve cercado de ritos, dentre eles uma coleta de dados que contribuiria para a construção de um texto formal e uma postura quantificadora. Hoje, ao atentar para os princípios científico, formativo e educativo da pesquisa, é possível dizer que existem diferentes espaços de pesquisa e que o ato de pesquisar está voltado também a todos os níveis de escolaridade.
O avanço das idéias sobre o ato de pesquisar, gerado pelos debates na própria academia sobre quem pode e deve desenvolver o ato de pesquisar, vem fazendo com que autores, dentre eles Pedro Demo (1995, p.51) expliquem a pesquisa como sendo uma atitude cotidiana do aprender a aprender, saber pensar para melhor agir o que garante a diferença substancial entre treinar e educar, copiar e construir, imitar e participar. Este ato de pesquisar passa a ser o processo de superação da reprodução, da cópia do professor e do aluno, possibilitando a estes serem partícipes de sua própria formação permanente.
O ato de pesquisar, seja na academia, no espaço da escola básica, no espaço de formação inicial ou continuada, está intimamente vinculado ao questionamento que se faz da realidade e discussão dos problemas sociais. Lüdke e André (1986, p.1) explicitam que para se realizar o ato de pesquisar é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Este confronto não cai do céu e nem nasce do nada, ele emerge de um problema que intriga o pesquisador e/ou grupo de pesquisadores. O problema é fruto de inquietações, curiosidades, questionamentos em relação à realidade como ela se apresenta. Mesmo fazendo parte do interesse de quem está envolvido com o tema da pesquisa, é preciso delimitá-lo, pois apenas um recorte daquele saber será objeto de investigação.
O ato de pesquisar tem o objetivo de querer saber, de desejar conhecer o funcionamento das coisas para, a partir deste conhecimento, fazer uso dos conhecimentos produzidos.
No ato de pesquisar reside a possibilidade do desenvolvimento do processo de construção do conhecimento emancipatório de que fala Boaventura de Souza Santos (1991). A este processo integra-se o desenvolvimento do habitus científico, necessário ao ato de pesquisar, que, para Bourdieu (2001, p.17-58), se dá pela instauração de atitudes que considerem a pesquisa como atividade racional e científica sujeita a riscos, hesitações e renúncias. Atitudes de problematização, questionamento e transformação de objetos insignificantes em científicos são capazes de promover a interação teoria/prática e de provocar rupturas com o senso comum.
É importante ressaltar que o ato de pesquisar é uma atividade básica da ciência. É por meio desta atividade científica que se descobre a realidade. Para descobri-la é preciso questionar, estabelecer "perguntas inteligentes". No entanto, as respostas encontradas não representam resultados definitivos. Como diria Mika, "Uma resposta nunca merece uma reverência. Mesmo que seja inteligente e correta, nem mesmo assim você deve se curvar a ela". Quando você se inclina, continuou Mika, "você dá passagem, e a gente nunca deve dar passagem para uma resposta. Ela é parte do caminho que está atrás de você, só uma pergunta pode apontar o caminho para frente". Portanto, é no diálogo do pesquisador com a realidade, pelo ato de pesquisar, que ele busca compreender e enfrentar de modo crítico e criativo as situações desafiadoras da cotidianidade e dos problemas sociais.